Finalmente acabou. Um semestre de
seis meses e sete dias. De sete aprovações, duas recs e uma reprovação. Um
semestre de muita saudade e muitos aprendizados. De muitos amores e muitas
chateações. De muita loucura e muitos trabalhos. De Júpiter, Io, Ganímedes, e
também de Saturno, Marte e da Caixinha de Jóias. De brigadeiros enrolados,
sucos testados e muita batata frita. De um começo de blog. De tentativas de ser
saudável e comer saudável e dormir saudável e viver saudável. E de muitas
falhas.
Ainda não consegui parar pra
pensar se o saldo do semestre foi positivo ou negativo.
Por um lado ele foi um porre.
Por outro, não teve ressaca.
Sobre a graduação, posso dizer
que sou 30% engenheira. Mas se me sinto 30% engenheira? Não, nem ao menos 15.
Sinto que eu sou simplesmente uma pessoa que aprendeu (ou não) a resolver
cálculos diferenciais. Ou que aprendeu a resolver problemas de cinemática, ou
que aprendeu a identificar classes de metal duro. Ou que não aprendeu a
programar.
Não que aprendeu a ser
engenheira, pensar como engenheira, ver o mundo como engenheira. Depois desses
três semestres, felizmente não tão complicados quanto esse último, posso apenas
talvez dizer que me sinto 15% mais pessoa. Três semestres mudaram imensamente a
minha forma de ver as coisas, ou de agir frente às adversidades.
Já tive a pretensão de me
considerar alguns porcento engenheira só por ter completado uma certa parte do
curso, mas não estou mais assim. Talvez foi a mesma mudança que levou Drummond a
trocar seu discurso de "Mundo mundo vasto mundo,/Mais vasto é meu
coração" para "tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo",
vai saber.
Esse semestre me ensinou que
inércia só é legal quando em um problema de física. Seguir fazendo as coisas, ou
vivendo a vida, ou qualquer coisa assim por inércia é uma péssima ideia. É bom
entender os por ques, ou simplesmente entender o sentido de fazer alguma coisa.
Seja ela a sua graduação, comer salada ou me relacionar com pessoas.
Aprendi que as palavras são
essenciais para mim, por mais que eu faça algo tão exato quanto engenharia. Mas
ao mesmo tempo, nem tudo pode ou precisa ser definido em palavras. Às vezes, é
muito melhor simplesmente viver o momento, sem preocupações fúteis com rótulos.
Nesse semestre, tive muitas
experiências novas.
Conheci a felicidade de passar
com um cinco bola que na verdade era um quatro ponto nove.
Descobri o que é parar de me
reconhecer. Não só no espelho, mas nas minhas atitudes.
Descobri o que é deixar um estado
mental tomar conta de você, mesmo que você não queira.
Descobrir o que é chorar
simplesmente com os acordes de uma música.
Descobri o que é ter mil coisas
para fazer, provas, trabalhos, roupa pra lavar, e ainda assim não achar um
motivo para sair da cama.
Descobri o que é parar de comer e
ainda assim engordar.
Descobri que ficar longe de casa
pode ser mais difícil do que parece.
Descobri como é estudar por dias
para uma prova e ainda assim não conseguir resolver uma única questão.
Mas também descobri que eu tenho
os melhores amigos do mundo.
Descobri que é possível ter a
alma tomada por um sentimento de paz simplesmente ao olhar através de um jogo
de lentes e ver aquela coisinha que chamamos de Júpiter.
Descobri que tem umas árvores na
USP que dão flores roxas e brancas ao mesmo tempo.
Descobri um jeito de não
carbonizar o açúcar quando faço chá de gengibre.
Descobri que a gente não precisa
estar sempre forte e inteira, é ok precisar de ajuda.
Descobri que dar “Bom dia” para
as pessoas que cruzam o meu caminho é uma boa maneira de fazer o meu dia bom.
Descobri que ser tempestade é
bom, mas ser calma como o nascer do sol também.
Foi um semestre diferente dos
outros. Passei por muitas coisas e espero ter crescido com todas elas também.
Ou pelo menos com parte delas. O semestre acabou, e algumas coisas,
infelizmente, ficam por aqui. Outras, felizmente, não foram embora ainda. Mas
agora vem o próximo semestre, junto com esperanças e amores. E o que vier já
vai ser uma experiência e tanto.
PS: Esse texto não ficou tão bom
quanto eu gostaria. Na verdade, existe um texto que resume basicamente a minha
relação com esse semestre que acabou, mas ele não é meu. Optei por escrever
sobre isso mesmo assim, sabendo que não ia ficar tão exatamente igual aos meus
sentimentos. Mas segue abaixo link para esse texto ~não meu, mas que poderia
totalmente ser~.
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