terça-feira, 28 de junho de 2016

Sobre por que enrolar os brigadeiros



Por que enrolar os brigadeiros, ao invés de simplesmente comê-los com uma colher?

Não sei.
Eu simplesmente prefiro. 

Enrolar os brigadeiros traz uma sensação de completar o que se está fazendo. Pingar os Is, cortar os Ts e colocar as pontuações devidas. Não enrolar os brigadeiros, e comê-los com uma colher, me dá a impressão de que as coisas ficaram pela metade. Nada contra a gourmetização dos brigadeiros e os brigadeiros intencionalmente de colher, é só uma mera opinião.

Enrolar brigadeiros também me traz recordações das festinhas de aniversário às quais eu ia quando era pitoquinha. Brigadeiros, beijinhos, docinhos infinitos os quais eu mal sabia o nome ou como fazer. Mas enrolá-los com a minha mãe, ou ficar passando granulado (coco, açúcar, leite em pó...) era sempre uma experiência agradável. Passar um tempo tranquila, fazendo algo que gostava com alguém que gostava. Quanto tempo eu fiquei sem fazer isso desde que achei que deixei de ser criança?

Enrolar os brigadeiros, um por um, gera um contato. Uma individualidade. Um amorzinho. Um toque pessoal. Passá-los no granulado, um por um, torna-os mais completos. E saber que eu fiz parte disso me anima.

Mas são apenas brigadeiros!
Sim, são apenas brigadeiros.
Mas podiam ser trabalhos.
Podiam ser gatinhos de estimação.
Podiam ser plantinhas.
Podiam ser pessoas! 

Antes eu não enrolava os meus brigadeiros puramente por preguiça. Que coisa chata enrolar os brigadeiros, um por um, quando não há motivos para isso, não? 

Aí eu pensei nisso.
Aí eu pensei em como é bom enrolar os brigadeiros.
Em como é bom parar uma atividade estressante para sentar à mesa, colocar fones de ouvido, ligar um episódio de uma série, ou uma música legal, e enrolar os brigadeiros.
Um por um.
Depois jogar eles em uma tigelinha cheia de chocolate granulado.
Comer alguns durante o processo, por que não? 

Não estressar porque os tamanhos não ficaram uniformes. Porque eu não tenho nenhuma obrigação com esses brigadeiros. Simplesmente fazê-los. Cada brigadeiro sai único, feliz, especial, pronto pra agradar alguém. 

Coisas iguais, padronizadas, são chatas.
Brigadeiros iguais, padronizados, são chatos.
Pessoas iguais, padronizadas, são chatas.

Da mesma forma que eu enxergo a individualidade dos brigadeiros que fiz, me anima enxergar a individualidade das pessoas com as quais eu convivo. E mais do que isso, perceber que talvez exista um toque meu nisso tudo. Ou talvez não, vai saber. Mas se não, saber que não foi por preguiça minha. 

Não falando que brigadeiros são pessoas. Nem que pessoas são brigadeiros. Mas talvez falando que pessoas são como brigadeiros. Na minha cabeça essa analogia fez sentido. E de certo modo ligar essas duas coisas fez com que eu me dedicasse mais aos brigadeiros. E fez com que eu me dedicasse mais às pessoas. Na medida do possível. Talvez não faça sentido nenhum, porque essas coisas dependem da individualidade de cada um, não? Para mim fez todo o sentido do mundo. 

Porque mais essas reflexões aleatórias? Não sei, eu fiz brigadeiro hoje. E eu estava meio estressada. E eu estava com saudades de escrever essas coisas que não fazem sentido. Aí eu juntei tudo. 

Na verdade, em partes é por isso que eu pensei em criar um blog pra essas coisas.

As reflexões aleatórias, não os brigadeiros. 

E daí eu criei. Na minha cabeça, blog implicaria uma certa regularidade de posts e textos aleatórios (mas uma criaturinha aleatória me mostrou que não, o mais importante é a vontade mesmo). Sendo que eles são tão aleatórios quanto a minha vontade de fazer brigadeiros. Ou quanto às pessoas com as quais eu tenho o privilégio de conviver. No fundo está (estão) sempre lá, mas nem sempre dá certo de escrever. Ou fazer. Ou conviver.

Por mais que seja isso (escrever, pessoas, brigadeiros, aleatoriedades) que me mantém em um movimento contínuo.

2 comentários:

  1. Jupiter é o ascendente do momento em q vc fez brigadeiro? Que tinha uma pitada de noz moscada? Caracas... noz moscada e brigadeiro parece uma ideia ousada, mas gourmet.

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    1. Eita, não entendo muito das astrologias haha... Nunca tinha pensado muito nessa possibilidade, o próximo brigadeiro vai ser branco com noz moscada!

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